Nos últimos dias, os servidores da saúde de Cuiabá têm se mobilizado intensamente em defesa de seus direitos trabalhistas, especialmente no que diz respeito ao adicional de insalubridade. A categoria, composta por profissionais como enfermeiros, odontólogos, médicos, maqueiros e psicólogos, expressou sua insatisfação com as propostas de alteração no cálculo desse benefício, que, segundo eles, podem resultar em perdas significativas na remuneração.
O movimento ganhou força após a Prefeitura de Cuiabá sinalizar mudanças no cálculo do adicional de insalubridade, que passaria a ser baseado apenas no salário-base, desconsiderando outras gratificações. Essa medida, segundo os servidores, afetaria principalmente aqueles que atuam em áreas de maior risco, como unidades de pronto atendimento e hospitais, onde a exposição a agentes insalubres é constante. A proposta gerou um clima de tensão e incerteza entre os profissionais da saúde, que temem pela redução de seus rendimentos.
Em resposta, os sindicatos representativos da classe convocaram assembleias para discutir as ações a serem tomadas. Durante essas reuniões, foi aprovado o estado de greve, uma medida que visa pressionar a administração municipal a reconsiderar as alterações propostas. O estado de greve não implica em paralisação imediata, mas serve como um alerta para a gestão pública sobre a disposição da categoria em lutar por seus direitos.
A situação se agravou com declarações do prefeito Abílio Brunini, que classificou como “casta superprivilegiada” um grupo de servidores que, segundo ele, recebia valores elevados de insalubridade. Essas falas geraram indignação entre os profissionais da saúde, que se sentiram desvalorizados e injustiçados. A acusação de privilégios foi amplamente contestada pelos servidores, que argumentam que todos desempenham funções essenciais e de risco, merecendo tratamento justo e igualitário.
Em meio a esse cenário de conflito, a Prefeitura de Cuiabá iniciou um processo de negociação com os representantes sindicais. O objetivo é encontrar uma solução que atenda às necessidades financeiras do município, sem prejudicar os direitos dos servidores. Até o momento, as discussões estão em andamento, e ambas as partes demonstram disposição para chegar a um consenso.
A mobilização dos servidores da saúde também ganhou apoio da população, que reconhece a importância do trabalho desses profissionais, especialmente em tempos de pandemia e crises sanitárias. A sociedade civil tem se manifestado em redes sociais e outros meios de comunicação, expressando solidariedade e cobrando uma solução justa para o impasse.
Enquanto as negociações prosseguem, os servidores mantêm-se em estado de greve, aguardando uma resposta concreta da administração municipal. A expectativa é de que, até o final da semana, uma proposta definitiva seja apresentada, evitando assim a paralisação dos serviços de saúde. A categoria reafirma seu compromisso com a população e com a qualidade do atendimento, mas destaca que a valorização profissional é essencial para a continuidade desse trabalho.
O desfecho dessa situação será determinante para o futuro das relações trabalhistas no setor público de Cuiabá. A forma como a administração municipal lidará com as demandas dos servidores da saúde poderá servir de modelo para outras categorias e municípios, refletindo o compromisso com a justiça social e a valorização dos trabalhadores.
Autor: Ronald Smith